segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

Meu EU


Minha alma não tem paredes.
Não tem limites quando se trata de sonhos.
Não tem medo de sabores e reconhece cheiros.
Minha alma trasmite luz, e busca por ela.
Repudia a escuridão e não faz parte dela.
Minha alma tem leveza e busca sempre sutileza.
Tem pé no chão mas voa com o vento...
Minha alma sente profundamente...
Não tem medo de gente.
Minha alma se incendeia quando ponho meus pés na areia... vai de encontro ao mar.
Minha alma é transparente.
Minha alma só quer voar...


- Laura Gouthier








quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

'Quero'



'Do sol somente a luz
da cruz o coração
do homem o raciocínio
da lua, sua solidão

Da vida as cicatrizes
da morte só as memórias
à frente os aprendizes,
do passado suas histórias.

Do fundo só quero o chão
do pão sobrevivëncia
imune ao que há de mal
do fosco à transparëncia

Dos versos o conteúdo
estética despresível
o bem que há no mundo
do mesmo o imprevisível

Do mal somente a força
da forca sua intensão
do vento sua cor
e da dor só a razão.'



- William Barbosa Neto


segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Looking for a melody...



Ando a passos largos por que já andei com pressa.
Revejo meus conceitos e atitudes as cegas.
Passa um filme na minha mente, será que fiz certo?
Será que estraguei a chance da gente?
E como um filme nos vejo lá bem no começo dessa confusão...
Você buscando uma brecha para se aproximar e eu com todas minhas inseguranças lendo um poema que hoje não tem mais a mesma relevância.
Um sorriso diferente, um olhar insistente, uma vontade até então pendente.
Passam dias, horas de agonia...
E então o tão esperado beijo, do nosso contido desejo aconteceu.
A surpresa da sensação, a beleza de toda aquela excitação... o frio na barriga...
O nosso primeiro beijo.
Encaixe quase perfeito...
Início de uma tentativa, de uma nova história.
Você quebrou meus conceitos e pré-conceitos.
Fugiu as minhas regras do 'tipo perfeito'.
Me surpreendeu e tomou meu rumo.
Me tirou do eixo e prumo.
Me fez de boba e palhaça... e eu aqui, achando a maior graça.
Me pôs de 'stand by' enquanto tocava outra música, plantava outros sons...
Você a procura de novas notas para sua música...
E eu em busca da batida perfeita... de um samba pra chamar de meu.
E a vida vem caçoar de mim:
- Ê pequena você quis se controlar e olha só aonde se meteu?
E a resposta pra essa pergunta na minha boca se perdeu.
Madrugada calada e você se escafedeu enquanto eu busco mais uma rima pra falar de você e eu.
A ventania que passou e que ainda não desapareceu...
E o meu coração aonde fica?
Será  um pouco seu ou totalmente meu?
Eis que uma  excelente melodia se perdeu...


- Laura Gouthier   



quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

'Ao amor da minha vida.'



'De verdade, meu bem, eu não acredito que você exista. E se já comecei pensando assim, boa coisa não vai sair dessa minha carta. O fato é que eu ando meio desacreditado, achando que toda a minha vida amorosa e essas coisas que a gente pode englobar nela são todas umas fraudes. Eu sou uma fraude, pra ser exato. Escrevo sobre amor, faço os outros acreditarem e nem eu mesmo acredito numa única palavra que sai da minha boca. Mas hoje eu estava pensando e cheguei à conclusão de que, se não for por amor, que seja por você.
Que eu te encontre num dia ensolarado, nublado, chuvoso, com névoa e te diga alguma coisa. Que eu te reconheça no momento exato em que puser meus olhos em você. E que você saiba que houve um encontro ali. Que você esteja vestida de vermelho, amarelo, azul, verde, preto e branco. Que você me ache engraçadinho, pelo menos. Quem sabe tímido, quem sabe babaca demais, quem sabe charmoso, quem sabe eu nem te chame a atenção. Mas que você me veja com bons olhos e eles encontrem os meus. Que eu acerte a cor dos seus olhos numa brincadeira qualquer. E que aí você perceba o quanto eu te enxergo em tão pouco tempo. Que você seja amiga de algum amigo, ou a gerente do banco, ou a colega de faculdade, ou a menina bonita da balada, ou filha da amiga da minha mãe. Que você se encante comigo de alguma maneira. Que você se permita me conhecer melhor e saber que eu sou legal, ou que sou interessante, ou que não tenho nada a acrescentar a você, ou que eu sou um completo egoísta, ou que eu tenho um blog bacana que fala dessas coisas bonitas que as pessoas acreditam. Mas que você não seja um ponto final. Que seja as aspas, as reticências, o parágrafo, o travessão. Que você seja.

Que você saiba como eu sou complicado, ou que eu sou desajeitado, ou que eu sei dançar muito bem, ou que eu piso no seu pé porque não sei andar em linha reta, ou que eu detesto o cheiro de queijo ralado. Mas que você decida ficar e me conhecer mais, seja por curiosidade ou porque acha que pode se encontrar no meio da minha bagunça.
Que a gente se conheça aos poucos, aos muitos, aos tantos, aos beijos, aos toques, aos olhares, aos filmes de fim de tarde, aos cheiros de perfume novo, aos dias de dormir de conchinha, aos minutos de ligações intermináveis.  Que você possa contar comigo, possa dormir comigo, possa brigar comigo. Que você não se arrependa naqueles momentos em que a gente questiona o amor, que você tenha orgulho de me mostrar pras suas amigas e que elas tenham inveja de você. Que eu possa te trazer café na cama, te dar um beijo de surpresa, te ver sem maquiagem, te morder até você ficar sem graça. Que eu não seja odiado pelos seus pais, que eles não me chamem de filho, que seu irmão torça pro mesmo time que eu. Que você me queira como pai dos seus filhos, que você se orgulhe de mim, que você esteja linda quando entrar na igreja.

Que eu possa te fazer sonhar. Que eu possa realizar os teus maiores sonhos e te consolar caso alguma coisa dê errado no meio do caminho. Que eu não saia nunca do seu lado, nem quando você pedir. Que os seus dias de TPM sejam lembrados com risadas e justifiquem aqueles quilos a mais que você ganhar com o brigadeiro. Que você chore bastante. Chore de rir, chore de saudades, chore de alegria. Que eu possa garantir que você não vai se machucar. Que o nosso filho tenha os seus olhos, a sua boca, o seu nariz. Que ele me lembre todos os dias de você. Que a gente caia um pouco na rotina e não mude por isso. Que a gente saia da rotina e se encante com algumas aventuras de vez em quando. Que a gente saiba reconhecer o valor da companhia do outro. Que eu te ame como nunca amei ninguém e que você me modifique da maneira que o seu amor quiser.

Mais importante que isso tudo: que você exista. E que não demore tanto pra chegar na minha
vida.'

- Daniel Oliveira








Adeus você.





'Onde está aquela menina de olhos vibrantes que acreditava em mudar o mundo e em chás mágicos que desintoxicam e curam ressaca? Onde está aquele cara que andava de camisa xadrez e fones de ouvido retrô e acreditava em pizza de madrugada e em fantasmas de filme de terror? Acho que eles sumiram por aí. Alguém fechou o livro e eles voltaram a ser personagens de si mesmos: presos no seu próprio mundo sem ninguém pra dividir as suas histórias.
A gente nem se fala mais. Nem sabe por onde caminhar agora. Acho que estamos num dilema entre pular de um abismo juntos ou parar na linha do trem exatamente na hora em que ele está chegando. O meu olhar vidrado denuncia que alguma coisa grave aconteceu e a sua recusa em receber meu toque também. Nossos olhares se cruzam como se fossem constrangedores, da mesma forma quando dois desconhecidos se encaram e rapidamente desviam o olhar com medo de serem acusados de algum crime inafiançável. Essas nossas fotos rasgadas e espalhadas pela casa cortam mais que cacos de vidro. Aliás, dói demais olhar pra qualquer lembrança nossa que desminta essa realidade bruta da sala de estar. O dia tá nascendo, morena. A pequena fresta da janela tá servindo pra deixar entrar alguns raios de sol. De nada adiantaram as cortinas pesadas, os quadros nas janelas: no final, a verdade sobre a gente ia acabar aparecendo.
Foi amor. Eu sei que foi. Tô vendo em você aqui, parada na minha frente, que foi amor. Você não aguenta mais chorar. Eu não aguento mais sentir isso tudo. A gente não sabia que seria tão forte. Nenhum dos dois desistiu disso. Só que acabou. E não tem como voltar atrás ou tentar ressuscitar isso ou tentar de novo. É meio frustrante isso: saber que eu te amo, mas que a gente não funciona junto de jeito nenhum. Antes fôssemos como fogo e pólvora. Mas não, a gente é como água e fogo. Não tem como! A gente vai sempre se ferir e levar um pouco do outro junto. A casa está em pedaços. Nós estamos em pedaços.
Nos demos conta no exato momento em que tudo desmoronou. Não sei se foi Abril ou Maio, mas foi naquele dia em que a gente se beijou e, repentinamente, o teu gosto me sumiu da boca. E você percebeu que aquela eletricidade bonita que ligava a gente não existia mais. De lá pra cá fomos nós tentando desviar das curvas e andar por terrenos firmes que não desmoronassem. Aumentamos a dose de “eu te amo” e até evitamos aqueles seus amigos chatos e fingidos que eu tanto odiava. Eu até deixei de tomar cerveja pra comentar o fim da novela das 8 com você. E os ciúmes desapareceram. E retornaram em forma de pratos quebrados e cortes no meu braço. Lençóis manchados de lágrimas e nós dois, orgulhosos que somos, sem querer admitir que acabou. E agora? Eu não sei mais seguir em frente sem olhar para o lado e te encontrar. Você não sabe mais acordar sem as minhas cócegas que provocavam um espirro rápido e divertido. Mas nós vamos aprender. Eu sei que vamos.
Está na hora de abrir as cortinas e colocar as coisas em caixas pesadas. De ligar de vez em quando e saber como é que vão as coisas e as contas. De falar pro analista coisas que nem Deus suspeita. De fazer com que a sua mãe me odeie mais ainda por ter te deixado ir. Meus amigos vão sentir tua falta. Seus novos amores vão se sentir aliviados por eu não existir mais na sua vida…
Adeus, meu bem.
E daí nós levantamos e nos encaramos por última vez. E só se ouve o som de dois corações se partindo.'


- Daniel Oliveira



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